A prática de colorir as fibras extraídas da palmeira de buriti (Mauritea flexuosa L. f.) com pigmentos extraídos de vegetais típicos da região é um processo quase tão antigo quanto o próprio artesanato com linho (fibra) de buriti praticado na região maranhense.
Apesar de se observar que essa prática era bastante difundida nas regiões de Barreirinhas e Tutóia-MA, a coloração se restringia quase que exclusivamente à cor marron, obtida da casca do caule do vegetal "Gonçalo Alves" (Astronium macrocalyx Engl.) vulgarmente conhecido como "gonçalave". A utilização de outras cores de origem natural era praticamente inexistente, recorrendo-se a pigmentos de origem artificial para atribuir diversidade de colorações às fibras.
Apesar de se observar que essa prática era bastante difundida nas regiões de Barreirinhas e Tutóia-MA, a coloração se restringia quase que exclusivamente à cor marron, obtida da casca do caule do vegetal "Gonçalo Alves" (Astronium macrocalyx Engl.) vulgarmente conhecido como "gonçalave". A utilização de outras cores de origem natural era praticamente inexistente, recorrendo-se a pigmentos de origem artificial para atribuir diversidade de colorações às fibras.
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À esquerda observa-se um punhado de linho de buriti em tom natural e à direita colorido na tonalidade marron escuro com pigmento extraído da casca do caule do vegetal Gonçalo Alves.
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Com o advento das pesquisas desenvolvidas, esse conhecimento passou a ser sistematizado e aperfeiçoado, descobrindo-se novos métodos e técnicas. A descoberta e utilização de outras espécies vegetais nativas atribuiram novas tonalidades de cores que gradativamente começaram a ser utilizadas nos produtos manufaturados. Nesse universo, podemos destacar: urucum (Bixa orellana L.); açafrão (Crocus sativum Saffron Crocus); salsa da praia (Ipomoea sp); piqui (Caryocar brasiliensis Camb.), entre outras.
Veja agora algumas etapas da coloração do linho de buriti com pigmento extraído da semente do urucum:
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Pé de urucum (Bixa orellana L.) com frutos de onde se obtém as sementes para extração de pigmento na cor laranja forte.
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Sementes de urucum secas de onde se extrai um pigmento laranja forte.
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Após a extração da tinta, D. Preta acrescenta o linho para receber a coloração em tom laranja obtida do urucum.
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O linho deverá ser cozido no pigmento por aproximadamente cinco minutos (não mais). Após o cozimento a fibra é resfriada em uma bacia e logo depois lavada em água abundante para retirada de todo o excesso de corante. Em seguida a fibra deverá ser seca em local arejado e sem incidência de luz solar para não desbotar, ficando pronta para ser utilizada nos produtos artesanais.
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Linho tingido com pigmento extraído do urucum.
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Veja abaixo outros resultados de tingimento do linho com pigmentos vegetais:
1. papoula (Hibiscus rosa-sinensis L.); 2. acerola (Malpighia punicifolia L.); 3. urucum (Bixa orellana L.); 4. açafrão (Crocus sativum saffron Crocus); 5. gonçalo alves (Astronium macrocalyx Engl.); 6. piqui (Caryocar brasiliensis Camb.); 7. salsa da praia (Ipomoea sp).
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Segue tabela com Identificação de algumas espécies que podem fornecer pigmentos realizada por Thereza Christina Costa Medeiros (Mestra em Botânica – UFRPE).