O Quilombo de Itamatatiua está localizado no município maranhense de Alcântara, foi também denominado Tamatatiua, conforme consta em documentos do século XVIII. Originou-se da antiga fazenda de propriedade da Ordem Carmelita dedicada a Santa Thereza, de acordo com o ofício enviado em 06 de julho de 1797 pelo Governador Fernando Antônio de Noronha, encaminhado ao Ministro Rodrigues de Souza Coutinho.
![]() |
Morada típica do Quilombo de Itamatatiua. |
No mesmo ano de 1797, o Reverendo Prior João Alves Serrão em seu inventário-declaração dos bens pertencentes ao Convento do Carmo em Alcântara – MA, fazia referência a “uma fazenda dedicada a Santa Thereza, com 135 escravos entre homens e mulheres”. A povoação desta fazenda teve princípio de um casal de escravos que deixou ao Convento em verba de seu testamento Dona Margarida Pestana, de esmola e sem pensão alguma e os mais escravos que não descendem deste casal, foram comprados pelo decurso do tempo.
![]() |
Igreja de Santa Thereza em Itamatatiua. |
Levando-se em consideração seus aspectos culturais, Itamatatiua se constitui em verdadeiro refúgio de manifestações sem igual, destacando-se a brincadeira de tambor de crioulas integrada pelos moradores da localidade, tendo também a participação de integrantes originários de povoados próximos. A apresentação do tambor de crioulas ocorre todo o ano, especialmente na Festa de São Benedito e Santa Thereza.
A Festa de Santa Thereza que ocorre nos dias 14 e 15 de outubro, também possui grande importância para o Quilombo, certamente em virtude de sua origem, cuja fé popular atribui as terras onde está localizado a comunidade de posse de Santa Thereza, sendo os moradores seus guardiões.
O artesanato em argila manufaturado pelas mulheres quilombolas é reconhecido internacionalmente, graças principalmente a tradicional forma com que os produtos são elaborados, feitos de maneira completamente manual.
Existem várias técnicas de fabricação de peças, mas uma das mais antigas e interessantes é a moldagem utilizando serpentinas de argila, as artesãs mais antigas a dominam com precisão.
Dentre as peças produzidas, podemos citar panelas, alguidares, vasos, escultura de mulheres, etc., onde o pote se destaca por constituir o utensílio mais utilizado no cotidiano da comunidade, principalmente para o transporte e armazenamento de água obtida na única fonte natural do povoado, denominada “chora”.
![]() |
Potes tradicionais confeccionados em Itamatatiua. |
![]() |
Fonte de água denominado "Chora" de onde os moradores do quilombo de Itamatatiua apanham água para todas as atividades cotidianas. |
O grupo de artesãs já é formalizado, a Associação de Mulheres de Itamatiua existe a 18 anos, atualmente possui 56 membros. Possui sede própria com espaço para produção (preparo da argila, modelagem, secagem - fornos e pintura), local para estoque de matéria-prima e espaço para comercialização.
![]() |
Tamarineiras seculares do Quilombo de Itamatatiua. |